terça-feira, 28 de julho de 2009

Mitologia: Eco e Narciso

A Ninfa Eco gostava dos Bosques e as Montanhas. Ela também gostava muito de falar. Sempre queria ter a última palavra nas conversas de tão tagarela.

Um dia, Juno (Hera) estava procurando o seu marido. Ela desconfiava que ele estivesse se divertindo com as ninfas. E ela tinha razão.

Como Eco era tagarela, ficou distraindo Juno para que não encontrasse seu marido com as outras ninfas, e para que elas pudessem fugir.

Uma hora Juno percebeu a intenção da Ninfa Eco. Como castigo Juno fez com que Eco, que tanto gostava de falar, não pudesse mais começar uma conversa, apenas poderia responder se alguém falasse com ela. Ou seja, ela teria apenas a última palavra, pelo menos.

Assim surgiu o Eco das montanhas e cavernas que repete sempre quando falamos e que sempre tem a última palavra.

Um dia Eco viu Narciso e se apaixonou, mas não podia falar com ele por causa do castigo de Juno. Então Eco o seguiu esperando que Narciso falasse com ela.

Um dia Narciso estava separado de seus companheiros e gritou: “Há alguém aqui”. E Eco respondeu: “Aqui”. Narciso olhou em volta e não viu ninguém. Então gritou: “Vem”. E Eco respondeu: “Vem”. Narciso então perguntou porquê estava sendo evitado e Eco fez a mesma pergunta.

Então Narciso disse: “Vamos nos juntar”. E Eco disse a mesma coisa correndo de braços abertos para abraçar Narciso. Mas Narciso rejeitou Eco, dizendo que preferia morrer ao ser dela.

Envergonhada, Eco parou de freqüentar os bosques e se refugiou nas cavernas e encostas das montanhas. O corpo de Eco, com o tempo, foi definhando por causa da tristeza. Restando apenas a sua voz.

Assim ela responde sempre que alguém a chama, mantendo o costume de ter sempre a última palavra.

Acessado em: 28 de julho de 2009 Disponível em: http://ocorrespondente.wordpress.com/2008/03/15/mitologia-eco-e-narciso/

quarta-feira, 15 de julho de 2009

O corpo híbrido

No ultimo século o corpo os limites do corpo foram colocados a prova de forma nunca vista antes. Performances, body art, cirurgias plásticas, piercings, tatuagens, no universo artístico o corpo de uma forma geral, é um suporte que propicia reflexão e grandes possibilidades. Santaella divide o corpo em categorias que pode ser inserido artísticamente (ver texto: As Artes do Corpo Biocibernético).
No início século XXI, quais serão os rumos que a arte tomará em relação ao corpo? Stelarc é um grande precursor a ser citado. Em 2007, o artista implantou uma orelha em seu braço. Ele foi o primeiro ser humano a utilizar-se da Cultura Celular para implantar um membro em parte distinta do corpo. Esse termo é utilizado por cientistas para designar células desenvolvidas em laboratório.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Letícia Parente - Marca registrada, 1974


Um corpo feminino sentado num banco com as pernas cruzadas e um dos pés diante da câmera, no ambiente externo de uma casa. Nas mãos, agulha e linha. Com firmeza a linha é passada pelo buraco da agulha e faz um nó em uma das pontas. A mão delicada, com as unhas pintadas de esmalte - cor suave - deliberadamente inicia uma costura incomum. Aqui o suporte não é algodão ou linho, mas a própria pele da artista. Não há titubeios, são gestos precisos os de Letícia Parente em sua performance frente ao vídeo. Como resultado da ação, após dez minutos ininterruptos, sem cortes, vemos inscrito Made in Brazil na sola de seu pé (Mello apud Santaella, 2003, p.71)

O vídeo de Letícia Parente, pode ser considerado plurisemântico, se for analizado o contexto em que a performance foi realizada.
Em 1974, o Brasil estava em meio a ditadura militar, a liberdade de expressão era reprimida e a mulher começava a lutar por seus direitos igualitários. Parente exibe em sua poética a dor, usa a costura - uma das formas mais banais e representativas da mulher comum dos anos 1970, para dar vida ao trabalho em que seu corpo é o suporte. Ao escrever Made in Brazil na sola do pé, a irônia se apresenta de forma implícita.





Referência
Santaella, Lucia . As artes do corpo biocibernético. In: Diana Domingues. (Org.). Arte e vida no século XXI. São Paulo: Unesp, 2003, p. 65-94.

domingo, 12 de julho de 2009

Natasha Vita More

Natasha Vita More foi presente do extinto grupo The Extropy Institute , escreveu o "Manifesto da Arte Extropiana", e nos últimos anos vem desenvolvendo o projeto Primo Posthuman. Trate-se do cyborgue perfeito, o projeto engloba biotecnologia, robótica, nanotecnologia, ciência cognitiva, neurociência e tecnologia de informação.
O slogan do projeto Primo Posthuman é o seguinte:
Se você pudesse projetar seu próprio corpo para dar-lhe qualquer forma, tamanho, cor, contorno, textura e design elegante - o que você escolheria?

Natasha faz um comparativo entre vantagens de seu corpo conceitual e um corpo de um ser humano comum do século XX:
-O corpo primo é imortal e pode ser fabricado na idade escolhida, enquanto o comum tem a duração de vida limitada.
-O legado de genes, e a sua impossibilidade de substituição é outro problema que o posthuman está livre, pois os genes podem ser substituídos a qualquer momento.
-O desgaste do exterior corporal, ou seja o envelhecimento das células e erros aleatórios, que podem ser considerados qualquer dor ou doença que apareça repentinamente será superado pelos upgrades.
-Sexo restrito, XX (feminino)ou XY (masculino) determinado desde a formação do feto, poderá ser mutável a qualquer momento para masculino, feminino ou híbrido.
-A eliminação confusa de resíduos gasosos, será substituído pela purificação e reciclagem de resíduos.
- A capacidade de inteligência passará de 100 trilhões de sinapses, ou seja de conexões neurais, para 100 mil bilhões de sinapses.

Metacérebro

O metacérebro, cérebro conceitualmente projetado por Vita More, é um dos orgãos que causam mais divergência de opiniões, pois seu funcionamento não fica explicito e como seria a mutação de cérebro biológico para metacérebro.
O metacérebro será produzido através de nanotecnologia, contendo um sistema de armazenamento de dados e memória.
Haverá um dispositivo para correção automática de erros, sistema de replay e feedback.
Poderá manter conexão global de internet remota com acesso neural resguardados pelo protocolo de segurança. E Nano-óptica no processamento de neurônios e pensamentos um milhão de vezes mais rápido do que bio-cérebro.

Visão

Haverá uma rede sonar, com sensores que captam dados cartográficos, infravermelhos e ultravioleta- sensível a alta acuidade, com fóton único de detecção,
resistentes à aceleração olhos.
Além disso, a realidade de visual reforçada com superposições através
da retina e implantes que permitem visualizar informações
em cima de objetos físicos.
E sensores de entrada que podem ser adaptados através de ligação à rede global, permitindo a visualização de locais remotos a partir de webcams, telescópios espaciais, e voar de micro-câmeras.

Olfato

Nariz eletrônico artificial que pode detectar e classificar odores, vapores e gases. Com um sensor nasal polímero químico largamente sintonizado.
O objetivo é desenvolver a construção de uma silício "nariz em um chip."


Audição

Através de processadores de sinal digital, ocorrerá a redução de ruídos e o sinal será reforçado, podendo facilmente escolher as vozes
específicas em um sala lotada. Por cabeamento interno e externo agentes inteligentes serão capazes de receber e enviar mensagens de áudio 24 horas via interfaces digitais.

sábado, 11 de julho de 2009

Identidade, interfaces e o corpo pós-humano

Os avanços tecnológicos, e a disseminação da tecnologia, torna o ser humano refém do corpo. Pois, a facilidade em trocar informações e os padrões de beleza, impõem uma realidade utópica as pessoas. A identidade empírica, ou seja, aquela formada a partir referencial por diversas partes, esta a cada dia mais concentrada por meios digitais. Estes referenciais podem estar em blogs, sites ou através de uma simples pesquisa no google pelo nome de algum artista da mídia. O que as vezes é deixado de lado é o pensar no próprio corpo inserido em uma sociedade que tem câmeras por todos os lados, essas câmeras captam o corpo, imagens de pessoas anônimas, essas câmeras de segurança protegem ou roubam a privacidade do cidadão.
Entretanto, o que está sendo filmado? Um corpo apenas ou aparências. Imagens típicas de nossos dias chegam como imperativos de ideais a serem seguidos. Trata-se de modelos de identificação constituintes da identidade, fabricada pela propaganda, pelo esporte, nos quais o apelo à identificação, por sua vez faz um apelo ao corpo: o espetáculo. O poder de fascinação é, ao mesmo tempo, modelo de captura, e faz o espectador identificar-se com o vencedor (PORTO, 2002).
No entanto, como ficam as pessoas que não se encaixam nos padrões de beleza imposto?
A identidade é questão presente em muitos trabalhos da arte contemporânea. Orlan desenvolve uma pesquisa com o próprio corpo desde anos 1970, usando seu corpo como suporte para suas criações. A poética da artista gira em torno de suas cirurgias plásticas e do auto-conhecimento. Ao desconstruir seu corpo a artista controi uma nova identidade. De forma drástica e muitas vezes irreversível, a artista foi pioneira no assunto. As palavras de Kátia Canton (2001, p.52) se encaixam perfeitamente no trabalho de Orlan:
Esse corpo é um corpo mutante, virtualizado, simulacro das descobertas da ciência, da solidão que assola a vida urbana, do clichê e da réplica, do sentido que instaura a sua própria ausência, nos excessos de informação que se espelham pelos espaços informatizados do mundo pós-industrial.
O mito de Narcíso é recorrente nas refências atuais, por sintetizar o orgulho e glorificação da própria imagem tão presente na contemporaneidade. A busca pelo corpo perfeito é tão intensa que configurou-se a palavra narcismo ao dias atuais. Entretanto, as interfaces tecnologicas favoreceram ao simulacro desse corpo. A obra de Helga Stein exemplifica isso, pois, a artista usa programas computacionais para modificar seu corpo de maneira simulada, podendo se auto-representar de diversas formas. Para seu curador Eder Chiodetto "A contemporaneidade colocou definitivamente em xeque a já combalida idéia da fotografia como espelho do real", explica. "A veracidade das imagens, seu caráter documental, se tornou algo definitivamente nebuloso e impreciso".
A identidade passa por um processo nebuloso e impreciso, pois o homem não esta










Referências
PORTO, T. (2002): Linguagens em educação e comunicação. Pelotas, Ed. UFPEL.
CANTON, Katia . Novíssima Arte Brasileira - um guia de tendências. São Paulo: Iluminuras e FAPESP, 2000.
(HELGA STEIN)http://netart.incubadora.fapesp.br/portal/Members/gbeiguelman/news/portfolio-helga-stein Acessado em: 16 de julho de 2009.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Experiências artísticas em redes telemáticas

O texto fala da interdependência entre artes, ciências e as tecnologias. Ao ler o texto procurei muito entender o que são redes telemáticas, pois apesar de parecer óbvio, que seja relativo a internet, em nenhum lugar encontrei algo que explicasse. Então, perguntei ao meu orientador que disse: telemática é a junção de telecomunicação com informática. Pensando dessa forma ficou muito mais claro ao ler o texto de Gilberto Prado.
As redes telemáticas trouxeram possibilidades artísticas que antes não eram nem sonhadas. O artista ganhou um novo campo de exploração de poéticas, entretanto a tecnologia não inventa necessariamente novidades, ela transforma as condições de produções. É preciso ter uma visão apurada para encontrar onde se inserir nesses novos campos, como foi dito no texto anterior de Arlindo Machado. Apesar das novas mídias digitais já estarem disponíveis há 30 anos, Prado relata que continua a ser um campo frutuoso para experimentações e que esse é um dos novos desafios da arte contemporânea.
Prado fala sobre "pequenos dispositivos" telemáticos, que estão largamente difundidos desde os anos 90,essa parte do texto ficou meio vaga, eu imagino que esses pequenos dispositivos, sejam os celulares, pois o autor diz que eles vem penetrando todas as camadas sociais e se integrando nas atitudes mais banais do nosso cotidiano.
Por meio das interações e intercâmbios proporcionados pelas novas tecnologias, o individuo passar a ter uma nova maneira de estar no mundo, com novas problematicas e situações, assim passando ter uma percepção sobre o outro. Assim, segundo Peter Weibel "o objetivo social da arte é a participação na construção social da realidade".

"Nossa identidade não é mais fixa; não temos posição fixa, nem estada fixa. Somos telenômades, cosntantemente em movimento, entre diferentes "eus", diferentes modos de ver o mundo e um ao outro. Nosso universo é um campo transformador de potencialidades não linear, e no qual todas as trajetórias são incertas". Roy Ascott

POSSIBILIDADES

As redes telemáticas, realidade virtual, obras virtuais a participação interativa, são possibilidades artisticas.

TRECHO ESCLARECEDOR:
O termo ambiente virtual criado em 1990, embora tenha sido criado como sinônimo de ambiente virtual, tem significado um sistema artificial, composto por objetos, agentes, avatares e sons, cujo foram criados com a tecnologia da RV. Mundo virtual é sinônimo de ambiente virtual, enquanto espaço é um lugar metafórico sugeridos pela RV.

Para Edmond Couchot, jamais a tecnologia excerceu tamanha influência sobre a arte, ao ponto que as questões do digital se tornem hoje centrais no debate artístico.


REFERÊNCIA
PRADO, Gilbertto. Experiências artísticas em redes telemáticas. In: ARS – Revista do departamento de Artes Plásticas ECA/USP Ano1, n° 1. São Paulo, ECA/USP, 2003. p. 49-57.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Arte e Mídia: Aproximações e distinções

O texto de Arlindo Machado, relata sobre o que é arte e mídia e como os artistas a utilizam nos dias atuais.
Artemídia é derivado do inglês media art, são formas de expressão artística que se apropriam de recursos tecnológicos e da insústria do entretenimento para propor alternativas qualitativas. Diferente da mídia televisa por exemplo que geralmente visa a quantidade.
Podem ser produtos da mídia vistos como arte ou a arte contemporânea buscando interferir no circuito das mídias. Artemídia é mais que o uso de ferramentas tecnológicas ou a simples inserção da arte em meios massivos como a televisão e a internet.

O desafio é extrair o máximo dos instrumentos récem-inventados.

Se toda arte é feita com meios de seu tempo, as artes eletrônicas representam a expressão mais avançada da criação atual e aquela que melhor exprime sensibilidades e saberes do homem na virada do terceiro milênio. Ou seja, o homem sempre procurou se expressar com as ferramentas mais modernas a sua disposição, criando e recriando a partir delas. Machado cita Edgar Degas, nascido quase simultaneamente a invenção da fotografia, como exemplo de artista que usou a tecnologia a seu favor, pois não apenas usou para estudar luz e sombra, como também para fazer esculturas, facilitando seu trabalho com o congelamento de corpos nas imagens.


Desviando a tecnologia do seu projeto industrial


O olhar do artista também pode ser despertado em um determinado aparelho após séculos, como é o caso de Conlon Nancarrow e a pianola. A pianola foi inventada no século XIX, cujo Nancarrow em 1950, percebeu que havia uma fita que "memorizava" as posições e os tempos das teclas pressionadas com um recurso que grava uma determinada composição e sua execução poderia ser ouvida milhares de vezes sem a performance humana. Ele manipulava as fitas diretamente e não apenas performáticamente como era usual, produzindo sons que nunca havia soado antes.

Um verdadeiro criador, em vez de simplesmente submeter-se às determinações do aparato técnico, subverte a função da máquina ou do programa que ele utiliza, no sentido contrário de sua produtividade programada.

"O desafio atual da artemídia não está, portanto, na mera apologia ingênua das atuais possibilidades de criação: a artemídia deve, pelo contrário, traçar uma diferença nítida entre o que é, de um lado, a produção industrial de estímulos agradáveis para as mídias de massa e, de outro, a busca de uma estética para a era eletrônica." (p.06)

A arte como metalinguagem da mídia

O fato das obras estarem sendo produzidas no interior dos modelos econômicos vigentes, mas na direção contrária, faz delas um dos mais poderosos instrumentos críticos que temos hoje.

Vídeo citado por Arlindo Machado:
Dara Birnbaum - Tecnology / Transformation (1978)
http://vodpod.com/watch/793308-dara-birnbaum-technologytransformation-wonder-woman-197

REFERÊNCIA
MACHADO, Arlindo. Arte e mídia: aproximações e distinções. E-Compós - Revista da Assoc. Nacional dos Prog. de Pós-Graduação em Comunicação, n.1, dezembro de 2004. 15 p. Disponível em: . Acesso em 30 de abril de 2009.

Saudações

Meu nome é Leandro Garcia, tenho 23 anos e estou no oitavo período do curso de licenciatura em artes visuais na UFRN, sou integrante do grupo de pesquisa Matizes da UFRN, inserido no subgrupo CRTL+ART+DEL com orientação do Profº Dr. Fábio Oliveira Nunes.

Criei este blog com o intuito de armazenar e compartilhar, talvez organizar minhas idéias, o que tenho estudado no grupo de pesquisa e sobre as leituras que tenho feito, visto que tenho muito o que postar, já que estou no grupo desde abril e só decidi por fazer este blog agora em julho. Enfim, tentarei fazer um resumo do que tenho visto, minhas dificuldades, observações, indagações e depois quem sabe fazer deste blog um diário, comentando diariamente.
Por enquanto é isso.